A empresa que foi criada em Toronto, Canadá e obteve a concessão para construir uma usina hidrelétrica no Ribeirão das Lajes, fez para o início do século XX uma obra de engenharia admirável que incluiu inverter o sentido de escoamento de um rio, o Piraí.
Hoje, os levantamentos são feitos com o apoio de satélites, aerofotogrametria e vários técnicos de especialidades bem definidas. Naquela época, um engenheiro era um profissional que saia da faculdade como um clínico geral, podendo encarar uma obra civil, mecânica ou elétrica.
Muitos dos equipamentos da Usina de Fontes (depois chamada de Fontes Velha para destacar da usina nova de Fontes) foram levados até o local escolhido para sua construção no lombo de animais.
Outros animais faziam arrastar os bondes pela cidade, até que depois eles foram substituídos pela tração movida à energia elétrica. O banho quente era conseguido através da Societé Anonyme du Gaz, último nome da companhia de gás criada pelo Barão de Mauá, que depois passou para os ingleses, belgas e finalmente comprada pela Light em 1910. Para usar o telefone, a Companhia Telefônica Brasileira, completando assim um grupo de empresas tentaculares cuja cabeça estava em Toronto.
No início dos anos 40, o Governo Federal concedeu autorização para aumentar a capacidade de geração do Ribeirão das Lajes e é construída a Usina Nilo Peçanha, usina subterrânea construída no contraforte rochoso do reservatório e que para sua operação foi necessário elevar o nível de acumulação do reservatório para geração elétrica e armazenamento de água para o abastecimento da Capital.
A descarga deste conjunto de usinas vai depois se somar ao Rio Guandu e desta soma de mananciais suprir o fornecimento de água à cidade do Rio de Janeiro.
Com esta atribuição, a barragem teria alguns metros a mais e isto condenou a cidade secular de São João Marcos.
A cidade surgiu com as tropas de café passando do Vale do Paraíba para o Porto de Mangaratiba onde o café era exportado. O casario colonial e as plantações deixaram de existir com a ameaça de inundação, os moradores foram indenizados e tiveram suas casas demolidas. Se a cidade tivesse sido poupada, teríamos um conjunto histórico e arquitetônico similar à cidade de Paraty.
A barragem foi sacrificada para inundar uma parte de São João Marcos para justificar o erro cometido e a Light S. A. hoje cuida daquele sítio através do Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, um parque de visitação aberto de quarta a domingo.
Quando o Governo falava em aproveitar o Paraíba do Sul para eletrificar as linhas da Central do Brasil, a Light prometia ela cuidar deste problema e fazia o Governo deixar isto a seu encargo.
NOTÍCIAS DO ESTRANGEIRO-12
DE JANEIRO DE 1922
(A UNIÃO)
Sir William Mackenzie,
promotor da via férrea Canadian Northern Railway, está tratando de completar as
suas atuais negociações com diversas grandes empresas de construções
ferroviárias no Brasil.
Diz-se que o objetivo
imediato das citadas negociações é criar uma corporação que tomaria conta de
todos os meios de transporte terrestre no Brasil, reunindo numa mesma
organização as diversas empresas de viação terrestre.
Além disso, está sendo
estudada a construção de vias férreas transcontinentais, do norte ao sul,
ligando Buenos Aires ao mar das Antilhas.
A ELETRIFICAÇÃO DA CENTRAL
DO BRASIL-1º DE AGOSTO DE 1922
(A NOITE)
UMA CONFERÊNCIA NO
MINISTÉRIO DA VIAÇÃO
Conferenciaram hoje, no
Ministério da Viação, com o sr. dr. Pires do Rio, a administração da E. F.
Central do Brasil e o diretor da Light and Power.
Foi assunto dessa
conferência o fornecimento de força para a eletrificação da Central no trecho
que vai ser eletrificado.
AS ESTAÇÕES FORAM, AGORA,
MEDIDAS-28 DE SETEMBRO DE 1927
(A NOITE)
A comissão de
eletrificação da E. F. Central do Brasil já concluiu as medições das estações
de subúrbios e de pequeno percurso daquela estrada, necessárias nos estudos
preliminares para a eletrificação que se pretende fazer da mesma via férrea.
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